Oh! Alagoinhas conta-nos tua história como se refletida em espelhos d’água
História esta que foi forjada no lombo de equinos: (burros, jegues, mulas, éguas e cavalos) e no tilintar dos chocalhos das boiadas espalhadas por entre teus verdes prados, montanhas e agrestes sem fim.
No ranger dos eixos dos carros de bois tu traçou tuas trilhas, teus caminhos, tuas vias de acesso, teu comercio.
As tuas águas são doces, os teus rios importantes
As tuas lagoas encantadas. O teu chão rico e fértil.
Oh! Alagoinhas, terra cheia de mistérios, de lendas indígenas, de causos de negros escravizados. Tudo isto fora vivido em meio a coqueirais, cajueiros, mangueiras e jaqueirais.
Teus ares, oh! Minha cidade, cheiram a flor de eucalipto perfumado.
Nas fachadas de tuas antigas moradias, habita uma beleza esquecida e ornamentada harmoniosamente com toda uma gama criativa de linhas, forma e cor. Quanta elegância arquitetônica no meu sertão baiano desapercebido!
Oh! Cidade que outrora fizera perder-se tropeiros intrépidos com seus rebanhos em tua vastidão térrea. E foram achados pela guia de Nossa Senhora ao canto de penitenciais orações no meio do mato.
Tua raiz é desconhecida! Ou será Tupinambá original? Aborígine?
Na tua fé forte como rocha outrora templo criara e o envolvera em aura de mistério, intocável e inconcluso.
Oh! Ruina jesuítica inicial, possibilitada pela proibição do Marques de Pombal, que destas paragens expulsou os servos da Fé na figura da Companhia de Jesus.
Alagoinhas! Vida há e muita em tuas feiras de riqueza e tradição sem igual,
Conta-nos sobre tua história escrita nas olarias do barro de que fomos feitos,
Dos brejos, dos pântanos movediços, dos teus riachos límpidos.
Fala-nos ao sabor do mel de velhos engenhos abandonados na orla dos rios.
Alagoinhas das Estradas de Ferro que um dia te ligou ao mundo,
Orgulha-te por teus filhos ilustres não fugirem a luta e a guerra na Europa foram enfrentar sem ao menos terem a chance de voltarem a te sentirem novamente.
Conta-nos mais sobre ti pelo cheiro da flor de laranjeira adocicado,
Pelo sabor da farinha de mandioca das velhas casas de farinha de nossos avós
Pelo gosto do feijão de corda ao modo tropeiro,
Pelo milho cozido e outros cereais juninos.
De tuas entranhas ainda saem riquezas liquidas,
Oh fóssil inflamável de Buracica, que movimenta a vida!
Mata-nos a sede com tua água mineral brotada da rocha
Oh! Alagoinhas, tua vocação é o comércio, o produzir, o fabricar
Em torno disto tudo foi que tu nasceras, cresceras e se agigantaras.
Hoje aponta para os céus em sua verticalização habitacional.
Ed Carlos Alves de Santana
Artista Plástico e Mestre em Artes Visuais pela EBA-UFBA
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