Segunda, 16 de Setembro de 2024
18°

Tempo limpo

Alagoinhas, BA

Dólar
R$ 5,56
Euro
R$ 6,17
Peso Arg.
R$ 0,01
Opinião

Oh! Tu cidade que trazes águas em teu nome

Rio Catu, Rio Sauipe, Rio do Quirico, Riacho do Mel, Fonte do Lima, Rio das Pedras ou Jacaré de Dentro, Lagoa da Cavada, Fonte de Dona Jo no Buri.

30/03/2023 às 19h19
Por: Vanderley Soares Fonte: Ed Carlos
Compartilhe:
Oh! Tu cidade que trazes águas em teu nome

Oh! Alagoinhas, saudades sinto de um tempo em que o céu refletia em teus límpidos

espelhos d’água e nele banhou-se na companhia da Lavandeira, passarinho que lava as

roupas de Deus. Lugar este onde um dia habitaram os aborígenes nas margens de tuas

águas. Em teus tabuleiros passaram boiadas e vaqueiros da Fazenda dos Garcia D’ávila

da Praia do Forte viajando com destino ao Piauí. Estes tropeiros e sertanistas viajavam

procura da sorte e de tuas águas eles beberam juntamente com seus animais. Sabiam

eles ser este liquido vivificante o segundo melhor do mundo?

Quantas lendas se fizeram sob tuas águas? Ora encantadas, mergulhadas em mistérios e

causos do arco da velha. Quem tem coragem de duvidar? De quantos rios se fazem tuas

artérias? O sangue que pulsa em ti, em nós alagoinhenses.

Quantas lagoas os sapos coaxaram o teu nome em coro uníssono em tempos idos. Os

índios Tupinambás originários do povo alagoinhense mergulharam nas águas do teu

esquecimento para um dia renascerem em nossa consciência e em nossos costumes

despercebidos. Quanta poesia escorreu por entre teus leitos de doces águas agrestes com

cheiro de mato verde. Oh! Fonte dos Padres tu que fora conhecida como Lagoinha e

tinha o poder curativo por ter em teu entorno muita salsa silvestre; Lagoa da Santinha,

Rio Catu, Rio Sauipe, Rio do Quirico, Riacho do Mel, Fonte do Lima, Rio das Pedras

ou Jacaré de Dentro, Lagoa da Cavada, Fonte de Dona Jo no Buri.

Em tuas águas somos todos encontros de nós mesmo. Descobrimos em nós a água que

circula tuas veias, que alimenta teus mananciais e lagunas, ainda que hoje se encontram

abandonadas, soterradas pelos ditames do progresso tão indiferente as tuas águas e os

teus sonhos aquáticos milenares. Quantas histórias passaram sobre teus trilhos e no

lombo dos teus cavalos e mulas! Quantos por teus caminhos em romaria oraram e com a

concha das mãos beberam a ti e pelos dedos viram tuas lágrimas escoarem pelas

incertezas de novos tempos.

O que outrora vislumbrou ilustre e antigo Beato português para se estabelecer na

proximidade de teus mananciais? Oh! Tu cidade berço meu, em tua majestade e

imponência recebera o título de “Pórtico de ouro do Sertão”.

Na tua primeira Igreja inacabada e hoje Ruínas se fixou o teu marco Zero. Alagoinhas,

terra feita de pequenas lagoas de que somos feitos. Em mim te reflito e em ti mergulho

como se a buscar a parte liquida que me compõem. O continente aquático que és, sob

nossos pés jazem riachos, rios, córregos, lagoas, minadouros, olhos d’água como se a

chorarem por não mais verem o sol.

Alagoinhas que tuas águas sejam ainda melhores, meus parabéns.

Ed Carlos Alves de Santana -Artista Plástico e Mestre em Artes Visuais pela EBA-

UFBA

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
Ele1 - Criar site de notícias