Alagoinhas tem frota de quase 73 mil carros e motos circulando
Quem vê fotos dos anos 1950, 1960, até meados dos anos 1970, com alguns carros estacionados ao longo das principais ruas centrais de Alagoinhas, com uma frota que dava pra contar durante algumas horas parado entre as praças Ruy Barbosa e J. J. Seabra até a praça Graciliano de Freitas, não imaginava a cidade com congestionamentos, retenções e atrasos.
Hoje, segundo Hugo Lima, da Ciretran de Alagoinhas, a frota de veículos registrados na cidade é de 72.714 veículos. Desses, 42% são carros de passeio, 40% motos, 9,5% caminhões ou caminhonetes, 3,6% reboque, 2,6% caminhão, 1,17% ônibus, 0,63% micro-ônibus e 0,26% outros.
Com uma população de 160 mil habitantes, Alagoinhas tem quase um veículo para cada dois habitantes. Com o uso familiar de cada veículo ou moto, o volume de passageiros de ônibus e taxis reduziu drasticamente, mesmo assim, o transporte público coletivo continua sendo o mais importante, principalmente para quem tem menor poder aquisitivo.
E diminuiu proporcionalmente o número de passageiros de ônibus coletivos na mesma proporção em que as empresas e frotas foram reduzindo ao longo do tempo. Na década de 1970, com a instalação do terminal de ônibus na praça Castro Leal, oito empresas operavam o sistema de transporte coletivo municipal.
Catuense, AECA, Xavier, Dois Irmãos, Pereira, Vila Flôr, Águia e Cidade de Alagoinhas disputavam linhas e até faziam pegas entre a Estação Rodoviária e o centro da cidade pra ver quem chegava primeiro ao próximo ponto e pegar os passageiros. Era uma disputa acompanhada com fervor e medo entre os passageiros. Até o terminal de coletivos, no centro e que custou mais de R$ 40 milhões aos cofres públicos e pagos ao longo de mais de 30 anos, algum ficava pelo meio do caminho por problema mecânico, falta de combustível ou pneu furado. Como a quantidade de ônibus era grande, o socorro era imediato.
A expansão no número de motos, apesar de poucos revendedores das grandes marcas, é bastante expressiva, e visto a olho nu em qualquer rua da cidade. São motociclistas particulares, de entrega, mototaxistas e colecionadores. O percentual de motos em relação aos carros é de apenas 2% menor, e está diretamente ligado ao valor de cada veículo. Uma moto nova com poucas cilindradas é encontrada a partir de R$ 15 mil, enquanto um carro básico, popular, a partir de R$ 66 mil e, esse, nem sempre disponível no mercado.
Atualmente, apenas duas empresas operam o sistema de transporte público da cidade de Alagoinhas, mas com muitas dificuldades. A solução é a utilização de transporte alternativo. No passado recente, os taxis tinham grande serventia, mas o custo de corridas diárias afastava os passageiros.
É aguardada com ansiedade o projeto do atual prefeito Gustavo Carmo, que prometeu tarifa zero no sistema de transporte coletivo, o que deve mudar o perfil do transporte na cidade.
Zona Azul
Com quase 73 mil veículos circulando, a cidade de Alagoinhas enfrenta dificuldades de trânsito em diversos bairros. Com a expansão do comércio na Rua Bahia, o bairro Jardim Petrolar, que sofreu transformações urbanísticas nos últimos 20 anos, vive de congestionamentos diários.
Para quem vai ao centro ou ruas e praças adjacentes, a opção de estacionamento é paga. A Zona Azul cobra R$ 3,20 por duas horas. Dispõe de um aplicativo onde tem a opção de depositar um valor e ser descontado automaticamente ou quando abordado por um fiscal da empresa ou até mesmo pagar posteriormente o valor das duas horas. Se o valor não for pago, no dia seguinte já lhe é imputado uma multa.
A Zona Azul dispõe de 991 vagas de estacionamento para carros pequenos e 520 vagas para motos, diz a SMT. Não há estacionamento gratuito na área central, mesmo tendo sido garantido quando da implantação do sistema. Na avenida Leste, aos fundos da área comercial e já se avizinhando ao bairro Pedro Braga, existe um trecho onde os motoristas estacionam seus carros e os deixam sob a proteção de guardadores. Os guardadores não são credenciados e não dão nenhuma garantia contra roubo ou furto.
O maior mistério que envolve a Zona Azul é quanto à sua arrecadação mensal ou anual. Ninguém sabe quanto arrecada, quanto investe e quais as verdadeiras obrigações da empresa gestora. Se uma dessas obrigações seria o de repintar as faixas de estacionamentos ou melhorar a sinalização, além de ampliar o número de vagas, tem um longo caminho pela frente.
Trânsito nos bairros
O que era um bairro tranquilo, habitável e com poucos veículos circulando até o final da década de 1990, o bairro Jardim Petrolar ganhou ar de cidade. A rua Bahia, por exemplo, tem poucos imóveis residenciais. A maioria se transformou em pontos comerciais, onde incluem supermercados, farmácias, academias, igrejas e lojas diversas. Planejada para ser uma rua de acesso em sentido duplo, o estacionamento de caminhões e caminhonetes estacionados nos dois sentidos torna o trânsito do local um caos diário. Pra completar, 13 lombadas ou quebra-molas controlam a velocidade. Mas ainda falta um estudo técnico por parte da SMT-Superintendência Municipal de Trânsito, para definir os sentidos, que pode ser feito com a rua Democrata.
Transporte alternativo
Antes da chegada dos atuais meios de transporte alternativo, os mototaxistas já despontavam como alternativas. Vão a qualquer bairro, pode ser agendado, mas é mais caro do que o transporte convencional. Para os trabalhadores do comércio, o vale transporte é uma alternativa. Para os estudantes, o ticket veio para auxiliar e facilitar o acesso.
Nos últimos anos, o transporte alternativo foi inundado por sistemas aplicativos. Você baixa o app no celular, solicita uma corrida e ele vai te buscar em casa. Três operadoras de aplicativos atuam na cidade, mas uma pequena parcela veio de fora, principalmente de Salvador. Eles fogem da violência, da incerteza e das corridas longas a preço módico. O transporte alternativo por aplicativo tem corrida mais barata do que o sistema de taxi convencional, que não tem aplicativo.
Transporte ferroviário
A próxima matéria sobre meios de transporte em Alagoinhas vamos falar sobre o sistema ferroviário, sucateado desde o desmonte da RFFSA e o fim do transporte ferroviário de passageiros. É uma longa estrada, mas vamos buscar informações desde sua implantação, da última viagem de trem em abril de 1986 até os dias atuais.
Vanderley Soares
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